120 grandes obras da Literatura Brasileira

Ontem, 07 de abril de 2021, faleceu o professor, pesquisador, crítico literário e escritor Alfredo Bosi.
Um dos principais autores que todo estudante e pesquisador de Letras/Literatura lê durante o curso, durante a vida.
Em 2005, ele fez esta lista de obras imprescindíveis da Literatura Brasileira atendendo uma solicitação do Museu da Língua Portuguesa. Eu resolvi transcrever a lista aqui.
Listas sempre são problemáticas, criticáveis e, de certa forma, pessoais. Você certamente tiraria algum livro daí e certamente colocaria algum que falta na sua opinião.
É assim mesmo, cada um de nós tem sua própria lista na cabeça.

As 120 grandes obras da Literatura Brasileira, segundo o professor Alfredo Bosi
Para você usufruir e construir sua cultura literária

Colônia – séculos 16, 17 e 18

1. Pero Vaz de Caminha – Carta a Dom Manuel (1500)
2. José de Anchieta – Autos e Poesias (1550)
3. Padre Manuel da Nóbrega – Cartas (1553)
4. Gabriel Soares de Sousa – Tratado descritivo do Brasil (1587)
5. Bento Teixeira – Prosopopéia (1601)6. Frei Vicente do Salvador – História do Brasil (1627)
7. Padre Antônio Vieira – Sermões (1638-1695)
8. Gregório de Matos – Poesias – (ca 1680)
9. Manuel Botelho de Oliveira – Música do Parnaso (1705)
10. Antonil (pseud. de João Antônio Andreoni) – Cultura e opulência do Brasil (1710)
11. Nuno Marques Pereira – Compêndio narrativo do Peregrino da América (1718)
12. Academia Brasílica dos Esquecidos (1724) e Academia Brasílica dos Renascidos (1759)!
13. Cláudio Manuel da Costa – Obras poéticas (1768)
14. Basílio da Gama – O Uraguai (1769)
15. Fr. José de Santa Rita Durão – O Caramuru (1781)16. Tomás Antônio Gonzaga – Cartas chilenas (1789?)
17. Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu (l792)
18. Domingos Caldas Barbosa – Viola de Lereno (1798)
19. Silva Alvarenga – Glaura (1799)

Século 19 – Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo

20. Gonçalves de Magalhães – Suspiros poéticos e saudades (1836)
21. Martins Pena – O juiz de paz na roça (1838-1842)
22.Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha (1844)
23.Gonçalves Dias – Primeiros Cantos (1846)
24. Gonçalves Dias – Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848)
25. João Francisco Lisboa – Jornal de Timon (1852-1854)
26. Alvares de Azevedo – Obras (1853-1855)
27. Francisco Adolfo de Varnhagen – História geral do Brasil (1854- 1857)
28. Junqueira Freire – Inspirações do claustro (1855)
29. Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um sargento de milícias (1855)
30. José de Alencar – O Guarani (1857)
31. José de Alencar – O demônio familiar (1858)
32.Luís Gama – Primeiras trovas burlescas (1859)
33.Casimiro de Abreu – Primaveras (1859)
34.Tavares Bastos – Cartas do Solitário (1862)
35.Fagundes Varela – Cântico do Calvário (1865)
36.José de Alencar – Iracema (1865)
37. Qorpo-Santo – Comédias (1866)
38. Sousândrade – O Guesa (1867-1884)
39. Castro Alves – Vozes d’África, O navio negreiro (1868)
40. Castro Alves – Espumas flutuantes (1870)
41.Visconde de Taunay – Inocência (1872)
42.Machado de Assis – A mão e a luva (1874)
43.José de Alencar – Senhora (1875)
44. Bernardo Guimarães – A escrava Isaura (1875)
45. Machado de Assis – Iaiá Garcia (1878)
46. Machado de Assis – Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
47. Machado de Assis – Papéis avulsos (1882)
48.Joaquim Nabuco – O Abolicionismo (1883)
49.Raimundo Correia – Sinfonias (1883)

50. Raul Pompéia – O Ateneu (1888)
51. Olavo Bilac – Poesias (1888)
52. Sílvio Romero – História da Literatura Brasileira (1888)
53. Aluísio Azevedo – O cortiço (1890)
54. Machado de Assis – Quincas Borba (1891)
55. Cruz e Sousa – Broquéis (1893)
56. Rui Barbosa – Cartas de Inglaterra (1896)
57. Artur Azevedo – A Capital Federal (1897)
58. Joaquim Nabuco – Minha formação (1898)
59. Alphonsus de Guimaraens – Dona Mistica (1899)
60. Machado de Assis – Dom Casmurro (1899)

Século 20
61. Euclides da Cunha – Os Sertões (1902)
62. Rui Barbosa – Réplica às defesas de redação do Projeto do Código Civil (1902)
63. Graça Aranha – Canaã (1902)
64. Cruz e Sousa – Últimos sonetos (1905)
65. Capistrano de Abreu – Capítulos de história colonial (1907)
66. Vicente de Carvalho – Poemas e canções (1908)
67. Augusto dos Anjos – Eu (1912)
68. Lima Barreto – Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
69. José Veríssimo – História da literatura brasileira (1916)
70. Monteiro Lobato – Urupês (1918)
71. Valdomiro Silveira – Os caboclos (1920)

(Modernismo)
72. Mário de Andrade – Paulicéia desvairada (1922)
73. Manuel Bandeira – Ritmo dissoluto (1924)
74. Oswald de Andrade – Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
75. Oswald de Andrade – Pau-Brasil (1925)
76. Guilherme de Almeida – Raça (1925)
77. Simões Lopes Neto – Contos gauchescos (1926)
78. Alcântara Machado – Brás, Bexiga e Barra Funda (1927)
79. Mário de Andrade – Macunaíma (1928)
80. Cassiano Ricardo – Martim-Cererê (1928)
81. Manuel Bandeira – Libertinagem (1930)
82. Carlos Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930)

(Depois do modernismo)

83. Raquel de Queirós – O Quinze (1930)
84. José Lins do Rego – Menino de engenho (1932)
85.Gilberto Freyre – Casa grande e senzala (1933)
86.Graciliano Ramos – São Bernardo (1934)
87.Jorge Amado – Jubiabá (1935)
88.Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil (1935)
89.Érico Veríssimo – Caminhos cruzados (1935)
90.Rubem Braga – O conde e o passarinho (1936)
91.Dionélio Machado – Os ratos (1936)
92. Graciliano Ramos – Angústia (1936)
93. Otávio de Faria – Tragédia burguesa, I, Mundos mortos (1937)
94.Graciliano Ramos – Vidas secas (1938)

95. Marques Rebelo – A Estrela sobe (1938)
96.Murilo Mendes – A poesia em pânico (1938)
97.Jorge de Lima – A túnica inconsútil (1938)
98.Cecília Meireles – Viagem (1939)
99. José Lins do Rego – Fogo morto (1943)
100. Carlos Drummond de Andrade – A rosa do povo (1945)
101. Guimarães Rosa – Sagarana (1946)
102. Vinicius de Moraes – Poemas, sonetos e baladas (l946)
103. Henriqueta Lisboa – Flor da morte (1949)
104. Érico Veríssimo – O tempo e o vento (1949-1961)
105.João Cabral de Melo Neto – O cão sem plumas (1950)
106.Carlos Drummond de Andrade – Claro enigma (1951)
107.Jorge de Lima – Invenção de Orfeu (1952)
108.Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência (1953)
109.Graciliano Ramos – Memórias do cárcere (1953)
110.João Cabral de Melo Neto – Morte e vida severina (1956)
111. Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas (1956)
112. Guimarães Rosa – Corpo de baile (1956)
113. Clarice Lispector – Laços de família (1960)
114.Guimarães Rosa – Primeiras estórias (1962)
115.João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço (1963)
116.Clarice Lispector – A paixão segundo G.H. (1964)
117.Osman Lins – Nove novena(1966)
118. Antônio Callado – Quarup (1967)
119. Haroldo de Campos – Xadrez de estrelas (1974)
120. José Paulo Paes – Um por todos (1986)

Alfredo Bosi, novembro de 2005.

Livro – Pensar Amazônias – chamada

Está com chamada aberta o livro "Pensar entre fronteiras as literaturas nas Amazônias" organizado pelos professores Gilson Penalva e Airton Souza.A obra visa reunir em uma antologia artigos científicos ligados às literaturas nas Amazônias. O livro "Pensar entre fronteiras as literaturas nas Amazônias", que será publicado pela Selo Editorial, de São Paulo, receberá apenas 10 artigos para o primeiro volume. Para quem tem interesse, basta acessar o edital no site:

https://seloeditorial.com.br/editais.html

Dossiê – O fictício literário amazônico

Divulgando…[transcrevendo}

A Opiniâes – Revista dos Alunos de Literatura Brasileira (USP) – convida a comunidade estudantil e os/as pesquisadores/as a enviarem artigos e ensaios inéditos, no campo da literatura brasileira, para compor o dossiê temático “O fictício literário amazônico”, integrante da edição de número 19, a ser publicada em dezembro de 2021. Este dossiê temático tem o objetivo de aproximar as obras amazônicas e seus estudos de eixos regionais que extrapolem os limites da região Norte do Brasil, estimulando uma troca dialética a partir de perspectivas plurais.

As submissões dos textos deverão seguir as normas da revista e podem ser feitas até o dia 31 de maio, via sistema, pelo endereço eletrônico:
www.revista.usp.br/opiniaes.

Em caso de dúvidas, entre em contato pelo e-mail: opiniaes.

Marabela – poema

Ainda no ritmo de aniversário de Marabá, posto este poema da professora de Linguística da UNIFESSPA, Dra Eliane Soares

MARABELA (PRECIOSA)

Marabá
Uma terra quase ilha
Mesopotâmia tropical
No meio dos rios, uma trilha
Feita de sangue, suor, lágrimas, mel
e sal
Babilônia onde reinam os reis da terra
Na boca, o progresso e o bem geral
Nas mãos, a lei do mais forte e do machado
Que um dia dominou o castanhal
Uma terra prometida à multidão
De homens e mulheres conquistadores
Corações em desespero e ousadia
Busca de um eldorado e de amores
Terra mulher, mãe, esposa, amante, filha
Herdeira da Cruz e de Tupã
Índia de arasóia e Barbarella
Vitória régia e estrela da manhã
Filha do temor e do tremor
Criança mestiça, renegada,
Profecia do oráculo sem fala
Onde o demiurgo louco enxergou
Uma deusa pagã vingativa,
A quem chamou: Marabala.
Eu te pergunto:
Bela e louca
Marabala,
Quem te ouve?
Quem te cala?
Doce e frágil
Marabala,
Quem te fere?
Quem te abala?
Triste e só
Marabala,
Quem te ama?
Quem te embala?
Será Marabala,
Marabela?
Quem te sonha?
Quem te vela?
Eu te batizo:
És
Marabá
Marabela
Preciosa
Forte
Bela.

Eliane Soares
(poema feito em 2000)

Mural feito pelo artista visual Bino Sousa como homenagem à cidade e à uma nova forma de referir-se a ela em oposição à anterior.

A educação é um investimento para o presente

A educação é um investimento para o presente

A postagem sobre o retorno de R$ 3,28 para cada R$ 1,00 gasto em educação no site da UNIFESSPA fez-me lembrar de uma coisa que ouvi do prefeito de uma cidade do interior do Pará.

Numa das viagens que fiz ministrando disciplinas pelo Parfor, o prefeito e o secretário de educação almoçaram comigo e com outros professores. Eles disseram que faziam isto uma vez por semana: iam almoçar com os professores no lugar onde os professores estivessem.

Por acaso eu me sentei em frente ao secretário de educação (o prefeito ao seu lado). Ambos falaram de suas dificuldades na vida. Eram de famílias sem escolaridade e ambos haviam estudado até a 4ª série (um perfil relativamente comum em prefeituras em cidades pequenas no norte do Brasil).

Uma das pessoas elogiou o incentivo e o empenho da prefeitura em participar do projeto para levar formação superior aos professores que já estavam em sala de aula (uma das principais finalidades do Parfor). Outro falou da educação como um investimento para o futuro.

Prefeito e secretário entreolharam-se. O prefeito pediu para o professor explicar o que seria o futuro. Ou quando seria o futuro. E a pessoa falou da educação como investimento para as próximas gerações etc (você que me lê deve conhecer este argumento – verdadeiro).

O prefeito explicou que a educação não era um investimento apenas para o futuro. Como havia explicado o meu colega. Não era apenas para daqui a 15 ou 20 anos e não era apenas no sentido de conhecimento e nível intelectual da população. A educação – segundo prefeito e secretário – eram um investimento para o presente.

Vou tentar reproduzir a longa explicação do prefeito como se fosse um discurso direto dele mesmo:

–Daqui a 2 anos, estes professores que já estão contratados pela prefeitura, ou seja, já estão inseridos no mercado de trabalho, estarão formados. O plano de carreira estabelece um novo salário para estes professores. A prefeitura não tem receita para atender este novo valor para todos os professores obedecendo o piso nacional do magistério. Assim, o governo federal vai ter que aumentar o financiamento para pagar este novo salário. Os professores depois de formados passarão a receber 80% mais que hoje. É quase o dobro. Eles vão comer melhor, vão comprar algum móvel que não tem, vão poder tomar uma cervejinha, dar um dízimo maior nas igrejas, vão poder comprar um pipoca para filhos quando estiverem passeando na praça… Muita gente vai ganhar: donos de mercado, de lojas de eletrodomésticos, de bares, pastores e padres, o pipoqueiro, e aí por diante.

Era o ano de 2012. Eu esperava que depois da pausa que se instalou entre os convivas, alguém quebrasse o silêncio. Não resisti e falei que a arrecadação de impostos também aumentaria. Ele sorriu alto e completou: