Participação no Anuário

Recentemente recebi os exemplares do Anuário da Poesia Paraense, volume VII, organizado pelo poeta, professor e ativista cultural Airton Souza e curadoria da professora Leonice Souza. O livro faz parte de uma série de publicações anuais com poetas nascidos ou residentes no Pará.
Este ano o livro foi publicado com recursos da Lei Aldir Blanc.

Na edição, eu participo com dois poemas. Eis um deles:

pobre menina rica

a palestrante se queixa da infância pobre
da adolescência difícil

demorou a ter computador porque
os pais consideravam brinquedo
e o irmão mais velho deveria
ganhar seu atari primeiro

pergunta se alguém usou ICQ
que tinha um girassol no canto da tela
por ali interagiu noites a fio com
pessoas de vários lugares do mundo

quando uma dessas crises econômicas
colocaram os pais em aperto
eles venderam o atari e o seu 486

deixa escorrer lentamente uma lágrima sentida

procuro no auditório se alguém
se compadeceu dessa dor
que não ecoa em mim

Ficção e História no Romance Em Despropósito

Para bem começar a semana, compartilho a alegria de saber que um artigo sobre meu romance “Em Despropósito”.
O artigo foi escrito por Luiza Helena Oliveira da Silva, César Alessandro Sagrillo Figueiredo e Jacielle da Silva Santos, da Universidade Federal do Tocantins-TO, tem como título História e Ficção no Romance Em Despropósito (mixórdia), do escritor paraense Abilio Pacheco e foi publicado na revista FERMENTUM. Vol 31, N. 91, mayo-agosto 2021, editada pelo Centro de Investigaciones HUMANIC, Universidad de Los Andes, Mérida-Venezuela.

Resumo: Neste artigo, analisamos o romance Em despropósito (mixórdia), do escritor paraense Abílio Pacheco (2013). Mobilizamos categorias da semiótica tensiva para a análise do modo como vai se constituindo a narrativa que se organiza de modo fragmentário, a partir de flashes da memória do narrador, atravessada pela rememoração de acontecimentos emblemáticos da história no sudeste paraense: o Massacre de Eldorado dos Carajás, a Guerrilha do Araguaia, a continuidade da ação de matadores de aluguel na região, sob a apatia ou a conivência do Estado. A notícia do assassinato de 19 trabalhadores rurais se faz simultaneamente a informações que revelam ao narrador protagonista verdades sobre sua origem. História e ficção literária dialogam para compor o enredo de violência no Norte do país.
Palavras-chave: Massacre do Eldorado dos Carajás; memória; literatura e história; semiótica; Ressignificações do passado.

Meu muitíssimo obrigado aos professores Luiza Helena e César Alessandro, e a Jacielle, estudante de pós-graduação na UFT. Gratíssimo.

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