Tese sobre Benedicto Monteiro

Certo de que ainda tenho muito que aprender nesta minha trajetória, resolvi disponibilizar minha tese para leitores, leitoras, pesquisadores, pesquisadoras, pessoas enfim interessadas na pesquisa acadêmica sobre obras da região, sobre obras de resistência e testemunho, interessadas na obra de Benedicto Monteiro.Meu sempre agradecimento a muitas pessoas.
Em especial, a Wanda Monteiro que muito me ajudou a ter contato com materiais e informações sobre a obra de Benedicto Monteiro e aos meus orientadores: Professor Dr Márcio Seligmann-Silva (UNICAMP) e Suzanna Klengel (Freie Universität Berlin).

"No rastro e no rumo das palavras", dos fragmentos e da história brasileira recente na obra de Benedicto Monteiro.

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Bosi, professor de muitos

Bosi, pai de tantos, avô de muitos… uma descendência enorme
Este texto foi postado por Tiago Bosi Concagh, no Facebook. Segurando a vontade de chorar por Bosi, pela tristeza de tantas mortes e pela raiva por causa de tanta injustiça, eu resolvi trazer o texto para cá. Certamente, eu irei ler e reler muitas e muitas vezes.

Meu avô se foi. Fez sua passagem e descansou por fim de uma vida dedicada a poesia, a literatura, ao humanismo e a militância socialista em busca do progresso humano.
É difícil encontrar as palavras para esse momento de luto. Escrevo para exorcizar a dor.
Lembro de meu avô contando que em 1961 ganhou uma bolsa de estudos para estudar literatura italiana em Florença: Pirandello, Leopardi, Gramsci, Vico, Croce, Manzoni, Giotto.
E Leonardo Da Vinci.
Ele tinha enorme paixão pelo tema do renascimento e humanismo italiano.
Estudou profundamente Dante e me ensinou que "Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura", é possível entender a utopia que os olhos dos quadros de Giotto sutilmente escondem: utopia mística contra o realismo cínico maquiavélico.
Meu avô se emocionava muito ao ver o filme sobre a vida de São Francisco de Assis e Santa Clara de Zeffirelli – "Irmão Sol, irmã Lua". E da relação entre a canção de gesta medieval e a acumulação primitiva de capital do complexo econômico veneziano que fizeram, quinhentos anos atrás um jovem antever a relação predatória do homem frente a natureza que rege o capitalismo.
Quando criança meu vô se fantasiava de lobo e eu de São Francisco para interpretarmos a passagem do Lobo de Gubbio que atormentava os habitantes de Assis. Meu vô de lobo fingia ferocidade e eu o acalmava até ele se tornar dócil e me abraçar. Ríamos.
Depois de estudar literatura italiana a fundo, meu vô, por um movimento de amor ao nosso país resolveu se voltar a literatura brasileira.
Se tornou um pensador gigante se valendo de sua crítica literária aguçada para interpretar o Brasil pelo olhar de Machado, Rosa, Drummond, Graciliano.
Sua obra está ai, para ser lida e relida.
Mas seu último livro foi sobre uma paixão antiga: Leonardo da Vinci.
Um livro conciso. Que guarda dentro de si os enigmas do olhar de Alfredo Bosi. Leiam com atenção e afeto.
O que poucos sabem é que em 2019, a Unidos do Parque Aeroporto, em Taubaté, homenageou São Francisco – padroeiro da cidade.
Por meio do afeto das relações verdadeiras, meu avô foi consultado para o samba-enredo oferecendo uma aula magna sobre a grande lição de São Francisco: o amor à natureza; natureza essa que padece perante a ganância insaciável do lobo-homem. O desfile teve esse tom e eu tive o privilégio de participar carregando São Francisco num andor.
Alfredo Bosi se foi, mas foi sambando junto com São Francisco.
Da Itália ao Brasil, à Itália de novo e de novo ao Brasil.
O filho prodígio de uma costureira e um ferroviário da Barra Funda.
E lá no alto está, nesse momento, rodeado por todos os bambas do renascimento e da literatura brasileira. E minha vó já preparou um batucajé de três dias. 57 anos casados na terra: vó Créa e vô Fredo agora estão juntos pela eternidade.
E, assim, termino com a frase de Leonardo que meu vô viu na casa do renascentista, em Amboise, e que também é a última frase de seu último livro sobre Da Vinci:
"Nenhum ser vai para o nada".
Alfredo Bosi vive em nós.
como disse João Nogueira, meu vô vive agora "em nossas casas, bibliotecas e mentes" – e em nossos corações.

120 grandes obras da Literatura Brasileira

Ontem, 07 de abril de 2021, faleceu o professor, pesquisador, crítico literário e escritor Alfredo Bosi.
Um dos principais autores que todo estudante e pesquisador de Letras/Literatura lê durante o curso, durante a vida.
Em 2005, ele fez esta lista de obras imprescindíveis da Literatura Brasileira atendendo uma solicitação do Museu da Língua Portuguesa. Eu resolvi transcrever a lista aqui.
Listas sempre são problemáticas, criticáveis e, de certa forma, pessoais. Você certamente tiraria algum livro daí e certamente colocaria algum que falta na sua opinião.
É assim mesmo, cada um de nós tem sua própria lista na cabeça.

As 120 grandes obras da Literatura Brasileira, segundo o professor Alfredo Bosi
Para você usufruir e construir sua cultura literária

Colônia – séculos 16, 17 e 18

1. Pero Vaz de Caminha – Carta a Dom Manuel (1500)
2. José de Anchieta – Autos e Poesias (1550)
3. Padre Manuel da Nóbrega – Cartas (1553)
4. Gabriel Soares de Sousa – Tratado descritivo do Brasil (1587)
5. Bento Teixeira – Prosopopéia (1601)6. Frei Vicente do Salvador – História do Brasil (1627)
7. Padre Antônio Vieira – Sermões (1638-1695)
8. Gregório de Matos – Poesias – (ca 1680)
9. Manuel Botelho de Oliveira – Música do Parnaso (1705)
10. Antonil (pseud. de João Antônio Andreoni) – Cultura e opulência do Brasil (1710)
11. Nuno Marques Pereira – Compêndio narrativo do Peregrino da América (1718)
12. Academia Brasílica dos Esquecidos (1724) e Academia Brasílica dos Renascidos (1759)!
13. Cláudio Manuel da Costa – Obras poéticas (1768)
14. Basílio da Gama – O Uraguai (1769)
15. Fr. José de Santa Rita Durão – O Caramuru (1781)16. Tomás Antônio Gonzaga – Cartas chilenas (1789?)
17. Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu (l792)
18. Domingos Caldas Barbosa – Viola de Lereno (1798)
19. Silva Alvarenga – Glaura (1799)

Século 19 – Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo

20. Gonçalves de Magalhães – Suspiros poéticos e saudades (1836)
21. Martins Pena – O juiz de paz na roça (1838-1842)
22.Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha (1844)
23.Gonçalves Dias – Primeiros Cantos (1846)
24. Gonçalves Dias – Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848)
25. João Francisco Lisboa – Jornal de Timon (1852-1854)
26. Alvares de Azevedo – Obras (1853-1855)
27. Francisco Adolfo de Varnhagen – História geral do Brasil (1854- 1857)
28. Junqueira Freire – Inspirações do claustro (1855)
29. Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um sargento de milícias (1855)
30. José de Alencar – O Guarani (1857)
31. José de Alencar – O demônio familiar (1858)
32.Luís Gama – Primeiras trovas burlescas (1859)
33.Casimiro de Abreu – Primaveras (1859)
34.Tavares Bastos – Cartas do Solitário (1862)
35.Fagundes Varela – Cântico do Calvário (1865)
36.José de Alencar – Iracema (1865)
37. Qorpo-Santo – Comédias (1866)
38. Sousândrade – O Guesa (1867-1884)
39. Castro Alves – Vozes d’África, O navio negreiro (1868)
40. Castro Alves – Espumas flutuantes (1870)
41.Visconde de Taunay – Inocência (1872)
42.Machado de Assis – A mão e a luva (1874)
43.José de Alencar – Senhora (1875)
44. Bernardo Guimarães – A escrava Isaura (1875)
45. Machado de Assis – Iaiá Garcia (1878)
46. Machado de Assis – Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
47. Machado de Assis – Papéis avulsos (1882)
48.Joaquim Nabuco – O Abolicionismo (1883)
49.Raimundo Correia – Sinfonias (1883)

50. Raul Pompéia – O Ateneu (1888)
51. Olavo Bilac – Poesias (1888)
52. Sílvio Romero – História da Literatura Brasileira (1888)
53. Aluísio Azevedo – O cortiço (1890)
54. Machado de Assis – Quincas Borba (1891)
55. Cruz e Sousa – Broquéis (1893)
56. Rui Barbosa – Cartas de Inglaterra (1896)
57. Artur Azevedo – A Capital Federal (1897)
58. Joaquim Nabuco – Minha formação (1898)
59. Alphonsus de Guimaraens – Dona Mistica (1899)
60. Machado de Assis – Dom Casmurro (1899)

Século 20
61. Euclides da Cunha – Os Sertões (1902)
62. Rui Barbosa – Réplica às defesas de redação do Projeto do Código Civil (1902)
63. Graça Aranha – Canaã (1902)
64. Cruz e Sousa – Últimos sonetos (1905)
65. Capistrano de Abreu – Capítulos de história colonial (1907)
66. Vicente de Carvalho – Poemas e canções (1908)
67. Augusto dos Anjos – Eu (1912)
68. Lima Barreto – Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
69. José Veríssimo – História da literatura brasileira (1916)
70. Monteiro Lobato – Urupês (1918)
71. Valdomiro Silveira – Os caboclos (1920)

(Modernismo)
72. Mário de Andrade – Paulicéia desvairada (1922)
73. Manuel Bandeira – Ritmo dissoluto (1924)
74. Oswald de Andrade – Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
75. Oswald de Andrade – Pau-Brasil (1925)
76. Guilherme de Almeida – Raça (1925)
77. Simões Lopes Neto – Contos gauchescos (1926)
78. Alcântara Machado – Brás, Bexiga e Barra Funda (1927)
79. Mário de Andrade – Macunaíma (1928)
80. Cassiano Ricardo – Martim-Cererê (1928)
81. Manuel Bandeira – Libertinagem (1930)
82. Carlos Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930)

(Depois do modernismo)

83. Raquel de Queirós – O Quinze (1930)
84. José Lins do Rego – Menino de engenho (1932)
85.Gilberto Freyre – Casa grande e senzala (1933)
86.Graciliano Ramos – São Bernardo (1934)
87.Jorge Amado – Jubiabá (1935)
88.Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil (1935)
89.Érico Veríssimo – Caminhos cruzados (1935)
90.Rubem Braga – O conde e o passarinho (1936)
91.Dionélio Machado – Os ratos (1936)
92. Graciliano Ramos – Angústia (1936)
93. Otávio de Faria – Tragédia burguesa, I, Mundos mortos (1937)
94.Graciliano Ramos – Vidas secas (1938)

95. Marques Rebelo – A Estrela sobe (1938)
96.Murilo Mendes – A poesia em pânico (1938)
97.Jorge de Lima – A túnica inconsútil (1938)
98.Cecília Meireles – Viagem (1939)
99. José Lins do Rego – Fogo morto (1943)
100. Carlos Drummond de Andrade – A rosa do povo (1945)
101. Guimarães Rosa – Sagarana (1946)
102. Vinicius de Moraes – Poemas, sonetos e baladas (l946)
103. Henriqueta Lisboa – Flor da morte (1949)
104. Érico Veríssimo – O tempo e o vento (1949-1961)
105.João Cabral de Melo Neto – O cão sem plumas (1950)
106.Carlos Drummond de Andrade – Claro enigma (1951)
107.Jorge de Lima – Invenção de Orfeu (1952)
108.Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência (1953)
109.Graciliano Ramos – Memórias do cárcere (1953)
110.João Cabral de Melo Neto – Morte e vida severina (1956)
111. Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas (1956)
112. Guimarães Rosa – Corpo de baile (1956)
113. Clarice Lispector – Laços de família (1960)
114.Guimarães Rosa – Primeiras estórias (1962)
115.João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço (1963)
116.Clarice Lispector – A paixão segundo G.H. (1964)
117.Osman Lins – Nove novena(1966)
118. Antônio Callado – Quarup (1967)
119. Haroldo de Campos – Xadrez de estrelas (1974)
120. José Paulo Paes – Um por todos (1986)

Alfredo Bosi, novembro de 2005.

Livro – Pensar Amazônias – chamada

Está com chamada aberta o livro "Pensar entre fronteiras as literaturas nas Amazônias" organizado pelos professores Gilson Penalva e Airton Souza.A obra visa reunir em uma antologia artigos científicos ligados às literaturas nas Amazônias. O livro "Pensar entre fronteiras as literaturas nas Amazônias", que será publicado pela Selo Editorial, de São Paulo, receberá apenas 10 artigos para o primeiro volume. Para quem tem interesse, basta acessar o edital no site:

https://seloeditorial.com.br/editais.html

Dossiê – O fictício literário amazônico

Divulgando…[transcrevendo}

A Opiniâes – Revista dos Alunos de Literatura Brasileira (USP) – convida a comunidade estudantil e os/as pesquisadores/as a enviarem artigos e ensaios inéditos, no campo da literatura brasileira, para compor o dossiê temático “O fictício literário amazônico”, integrante da edição de número 19, a ser publicada em dezembro de 2021. Este dossiê temático tem o objetivo de aproximar as obras amazônicas e seus estudos de eixos regionais que extrapolem os limites da região Norte do Brasil, estimulando uma troca dialética a partir de perspectivas plurais.

As submissões dos textos deverão seguir as normas da revista e podem ser feitas até o dia 31 de maio, via sistema, pelo endereço eletrônico:
www.revista.usp.br/opiniaes.

Em caso de dúvidas, entre em contato pelo e-mail: opiniaes.