Amazônia: Beleza / tragédia

Recebi hoje os exemplares da Antologia 100 Poetas Vivos da @tomaaiumpoema . Muito feliz em estar no mesmo volume com Cidinha Maciel , Marcelo Ariel, a querida @jenifferyara_ e outros tantos e outras tantas poetas.

Amazônia: beleza / tragédia

Quando vi você correndo descalça em direção
à árvore quadricentenária na Ilha do Combú [1]
e depois colocando as mãos espalmadas
na base da samaumeira de mais de 50 metros,
imaginei você trançando os cabelos nos galhos;
conectando-se às folhas e ao tronco igual no Avatar [2].

Faz 10 anos.
Hoje leio os primeiros versos de um poema
que você esboçou quase em lágrimas pela manhã:
“Uma árvore virou cinza na Amazônia.
Inúmeras árvores viraram cinza na Amazônia
nos últimos anos.”

Naquele mesmo dia, coloquei meu ouvido na terra.
Disse a você que eu escutava o choro das árvores,
O clamor do solo sangrando, de peixes sufocados,
De outros animais gemendo e convalescendo.
Você me disse que eu não sabia aproveitar a beleza de Gaia,
a energia da floresta, as vozes e os espíritos ancestrais.

Por isso, não lhe disse que também ouvi sons de motosserra,
De árvores crepitando, de pássaros em agonia.
“Nem tudo é tragédia”, você me repreendeu.
“Nem tudo é beleza”, pensei mas não lhe disse.

Deixe um comentário