[…] Canto Peregrino – que me surpreendeu tanto pelo tema quanto pela forma adotada no discurso. Há um verso muito bonito: “a vida toda não é mais que um regresso”. Sim, a busca de Pasárgada, do paraíso que existe no campo de sonho de cada um. A ideia toda do livro é muito bonita, essa peregrinação, essa caminhada literária, palavra por palavra, passo a passo. O tom evoca o melhor do canto bíblico e tb de outros poemas orientais. A linguagem é rebuscada, mas em boa medida. É de fato um belo canto. Um livro repleto de espiritualidade e fé, sem pieguice. Parabéns.
PACHECO, Abílio. Canto Peregrino à Jerusalém Celeste. Belém: LiteraCidade, 2013, 44p.
Raphael Jonatham de Oliveira Soares
Graduando em Letras – UFPa-Castanhal [exemplar à venda na Livraria da Editora]
capa: Natália Menezes
Canto Peregrino à Jerusalém Celeste é o quarto livro de poemas do escritor Abílio Pacheco, que já publicou Poemia (1998) e Mosaico Primevo (2008). Diferente dos livros anteriores, aqui Abílio foge à temática urbana e noturna, tão cara à sua poesia anterior, se apropriando de temática religiosa em seu fazer poético.
Partindo de um dos mais singulares poemas da tradição judaico-cristã, o Salmo 137, incrivelmente lírico e assustadoramente sombrio, Abílio Pacheco nos apresenta um livro de poemas que é uma busca, a busca por Jerusalém Celeste, prometida, e ao mesmo tempo a busca pela expressão poética legítima, que só pode ser alcançada pelo divino e para o divino.
Sinopse (publicada no site da Editora LiteraCidade):
O livro é um canto à cidade prometida e tem como ponto de partida o Salmo 137. Dividido em duas partes, o canto tem poemas ‘enumerados’ conforme as letras hebraicas e os mesmos seguem duas orientações básicas: a primeira parte intitulada “sub lege” de orientação mais judaica e a segunda intitulada “sub gratia” de orientação mais cristã, entre ambas um breve “intermezzo” de poemas sensoriais. Emoldurando o todo uma “licença” introdutória e uma “entrega” final, à moda clássico-medieval. Além disso, o libelo lírico, que não se pretende vinculado a nenhuma igreja específica (de modo a poder ser apreciado por judeus, católicos ou protestantes), dialoga com a poesia anterior de mesma temática, sobretudo Camões.