NOTURNO
Abilio Pacheco
Há noite em mim! Há noite em ti, Cidade
E nesta noite imensa Solidão
Que desliza pelo meu corpo em vão
Enquanto a tua poesia me invade.
Negra noite em nós, terra tão querida
E enquanto as águas refletem a lua
E meu peito tenro arde nesta rua
Esta noite nos serve de guarida.
E este colar de luzes sobre as águas
Brilha e mergulha nos olhos de mim
E o vento lento tange o tempo e assim
Vai tangendo também as minhas mágoas.
E já não há mais em mim Solidão
Nem tantas trevas na alta madrugada
Que nos enche de luz enluarada
E banha de lirismo esta canção.
Mas o sol vem quebrando a noite agora
E despertam os galos nos quintais
Que lançam acordes a tantos mais
Tangendo de nós dois a noite embora.
Fico aturdido e então olhar-te tento
Com esses olhos ébrios de luzes tuas,
Sigo andando atônito pelas ruas
Na espera de encontrar um novo alento.
Gostei da temática. Algo com que me identifico, pra dizer o mínimo.
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