Falando água
A região era inóspita, quente e seca, além do ar rarefeito; carecia de chuva. E de um milagre. Profetas, anciãos, pregadores… já haviam tentado rezas, orações, sacrifícios. A ciência também não deu jeito; quando foram bombardear as nuvens o céu estava limpo.
O filho do prefeito disse que deveriam chamar um primo parolador. Afinal, todos diziam que ele só falava água.
A primeira dama trouxe-o de uma cidade vizinha e levou-o a mais alta torre.
De lá o primo começou um discurso lento e longo. E úmido. Logo o calor e a aridez foram vencidos por gotículas de saliva.
Abilio Pacheco
Interessante é lembrar tais caracerísticas verossímeis à vida. Associando o conto à realidade, o humor torna prazeroso esta pequena obra.
Portanto, é notável a sensação que tais palavras causam no leitor, aproximando-o ao imaginário mundo literário.
CurtirCurtir